História Medieval - A vida como ela era
Nas famílias camponesas, todos trabalhavam muito. Além de cuidar das terras do senhor do feudo, homens, mulheres e crianças faziam à colheita, moíam os grãos e construíam pontes, estradas, estábulos e moinhos. Ao mesmo tempo, cultivavam seus lotes e cuidavam dos animais e dos trabalhos artesanais e domésticos.
Os camponeses viviam em cabanas cobertas de palha, com piso de terra batida e a área interna escura, úmida e enfumaçada. Em geral as cabanas tinham apenas um cômodo, que servia para dormir e guardar alimentos e até animais. Os móveis, bastante rústicos, resumiam-se à mesa e bancos de madeira e os colchões de palha.
No almoço ou no jantar, comiam quase sempre pão escuro e uma sopa de vegetais, legumes e ossos. Carne, ovos e queijo eram caros demais, só em ocasiões especiais. Em vários períodos houve falta de alimentos e a fome se espalhou por muitas regiões da Europa, vitimando, os mais pobres.
Na mesa dos nobres, entretanto, não faltava uma grande variedade de peixes e carnes, quase sempre secas e salgadas, para se conservar durante o inverno. No verão, para disfarçar o gosto ruim e o mau cheiro da carne estragada, a comida era cozida com especiarias e temperos fortes, raros e exóticos, que vinham do Oriente, custavam caro e eram difíceis de obter. O açúcar, outra raridade, era considerado um luxo e usado até como herança ou para pagamento de dotes. O vinho era consumido em grande quantidade em quase todas as regiões, e os habitantes do norte da Europa também costumavam consumir a cerveja.
VERONESE, Paolo. Bodas de Cana.1563. óleo sobre tela: color.; 6,66 x 9,90 cm. Museu do Louvre, Paris.
As festas, em especial as de casamento, duravam dias com bebida e comida farta e diversificada: serviam-se vitelas, cabritos, veados e javalis, acompanhados de aves como cisnes, gansos, pavões, perdizes e galos. Havia também apresentação de cômicos, acrobatas, dançarinos, trovadores, cantadores e poetas, para diversão dos convidados.
Os jogos e a bebida, bastante comuns nas tavernas de todas as cidades, atraíam os homens que consumiam muito vinho, jogavam dados e se envolviam em brigas e confusões. Por isso, os padres amaldiçoavam as tavernas, apontadas como antros de perdição, mas nem por isso conseguiram acabar com elas. Ao contrário, esses costumes se acentuaram cada vez mais, com o crescimento dos centros urbanos. Sujas e barulhentas, sem esgoto e sem água tratada, as cidades se tornaram focos de contágio e disseminação de doenças e pestes.
Nas cidades, aglomeravam-se e conviviam todos os tipos de pessoas e profissões: ricos, comerciantes, taberneiros, artesãos, padeiros, relojoeiros, joalheiros, mendigos, pregadores, vendedores ambulantes, menestréis, etc. E na periferia das cidades, bastante discriminados pela maioria da população, viviam outros grupos: judeus, muçulmanos, hereges, leprosos, homossexuais e prostitutas, que estiveram entre os quais perseguidos e reprimidos pela Inquisição, a partir do século XII.
Analfabeta, em sua maioria, a população falava a língua dominante em sua região de origem e os idiomas ainda hoje falados na Europa foram formados nessa época, em consequência dos contatos com pessoas e com línguas de origem germânica ou de outras regiões com o latim, a língua romana.
Como não sabiam ler, essas pessoas só tinham acesso à literatura por meio de artistas que se apresentavam em público para ler e contar histórias, declamar poesias ou cantar e encenar espetáculos de teatro nas praças, ruas e tavernas das aldeias e cidades, muitas vezes durante as festas.
As moradias dos nobres também se modificaram bastante, ao longo do tempo. Até o século XII, seus castelos se resumiam a uma torre, onde habitava a família do senhor, e eram feitos de madeira, sendo por isso mesmo muito vulnerável a incêndios e a ataques de invasores. A partir dos anos 1200, tornaram-se comuns as construções em pedra e tijolos e os castelos ganham novas dependências, como celeiros, estábulos, muralhas, fossos e torres de vigia, para sua defesa. A mobília também se sofisticou e os nobres passaram a usar tapeçaria e pratarias vindas do Oriente.