Cruzadas (continuação)
Para além da fé
O movimento das Cruzadas deve ser compreendido como parte do processo de mudanças do feudalismo durante a Baixa Idade Média.
A sociedade feudal era agrícola, auto-suficiente, voltada apenas para a subsistência. Tal tipo de organização não conseguia atender às necessidades de uma população crescente. Assim, parte dessa população encontrava-se marginalizada, com muitas pessoas realizando ataques e saques aos castelos e às aldeias.
Assim, se para a Igreja católica as Cruzadas se apresentaram como uma oportunidade de reconquistar a Terra Santa e fortalecer o poder do papa, para muitos outros elas representaram uma alternativa tanto econômica quanto social. Algumas pessoas, por exemplo, aderiram às Cruzadas apenas porque viam nelas uma oportunidade de sair da vida miserável que levavam.
Entre os nobres, a grande parte via nas Cruzadas uma possibilidade de aumentar sua fortuna, já que a região da Palestina era considerada de grande riqueza. Muitos jovens pertencentes à nobreza viam uma oportunidade de conquistar algo para si, já que, por não serem filhos primogênitos, não herdariam feudos.
Combatendo pela fé
Ao todo foram realizadas oito Cruzadas, em um período de cerca de 200 anos. A primeira, organizada pelo papa Urbano II, obteve êxito.
Para essa Cruzada, organizaram-se exércitos em toda a Europa. Oficialmente, ela reuniu-se em Constantinopla em novembro de 1096. Era um exército imenso, conduzido por senhores feudais. Essa Cruzada conseguiu expulsar os turcos da grande parte da Terra Santa e fundar o reino de Jerusalém.
Dos 300 mil cruzados que partiram de Constantinopla, apenas 40 mil chagaram a Palestina. Os demais morreram no caminho, em combate ou vítimas de doenças, fome, sede e calor; outros voltaram à Europa. Da parte dos turcos, as perdas também foram imensas: cerca de 10 mil acabaram massacrados em Jerusalém.
Miniatura do século XIV representando a tomada de Jerusalém pelos cruzados
Após a derrota, os turcos passaram a atacar os cruzados com frequência e conseguiram reconquistar a Terra Santa. Novas expedições foram então convocadas pelos cristãos. Entretanto, eles não tiveram o mesmo êxito da primeira.
Mal organizadas, sem liderança e divididas internamente por rivalidades entre nobres, várias Cruzadas não conseguiram chegar à Palestina. Na Segunda Cruzada, por exemplo, os combatentes que vinham de diversas regiões da Europa, formaram grupos isolados e foram facilmente derrotados pelos turcos.
O rei de França Luís VII e o imperador Conrado III partem para a Segunda Cruzada.