Guerra dos Trinta Anos
Recebe o nome de Guerra dos Trinta Anos uma série de guerras e conflitos que diversas nações europeias travaram entre si a partir de 1618, principalmente na Alemanha, motivados por rivalidades religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais.
Os conflitos religiosos ocorridos na Alemanha, mas que foram solucionados com a assinatura da Paz de Augsburgo em 25 de setembro de 1555 estabeleceram um período no qual cada príncipe podia estabelecer sua crença aos habitantes de seus domínios. O equilíbrio manteve-se enquanto as crenças predominantes restringiam-se à religião católica e luterana, mas a chegada do calvinismo complicaria o cenário.
Considerada uma força renovadora, a nova linha religiosa conquistou diversos soberanos. Os jesuítas e a Contra-Reforma, por outro lado, contribuíram para que o catolicismo reconquistasse forças. Assim nasceu o projeto expansionista dos Habsburgos, idealizado por Fernando, duque de Estíria, que fora educado pelos jesuítas. O perigo ameaçava tanto as forças protestantes no Norte como a vizinha França.
Richelieu cardeal católico que apoiou os protestantes para derrubar a dinastia Habsburgo
À medida que o conflito se projetava, a luta ia sendo influenciada por muitos outros temas colaterais, tais como as rivalidades e ambições dos príncipes alemães e a obstinação de alguns dirigentes europeus, sobretudo dos franceses e suecos, em abater o poderio do catolicismo Sacro Império Romano-Germânico, a ferramenta política da família dos Habsburgos.
Esta situação fora desencadeada na segunda metade do século XVI pelas fraquezas do Tratado de Augsburgo, um acordo finalizado em 1555 entre o Sacro Império católico e a Alemanha luterana.
Os conflitos religiosos agravaram-se na Alemanha no andamento do reinado do Imperador Rodolfo II (1576-1612), período durante o qual foram arrasadas muitas igrejas protestantes. As liberdades religiosas dos crentes protestantes foram restringidas, nomeadamente as relativas à liberdade de culto; os oficiais do governo lançaram as bases do Tratado de Augsburgo, que criou condições para refortalecer o poder católico. Com a fundação da União Evangélica em 1608, uma união defensiva protestante dos príncipes e das cidades alemãs, e a criação, no ano seguinte, da Liga Católica, uma organização similar, mas dos católicos romanos, tornava-se inevitável o recurso à guerra para tentar resolver o conflito latente, o qual foi desencadeado pela secção da Boêmia da União Evangélica.
Na Boêmia (atual República Checa), teve início uma contenda pela sucessão do trono, que envolveu católicos e protestantes. Fernando II de Habsburgo, com a ajuda de tropas e recursos financeiros da Espanha, dos germânicos católicos e do papa, conseguiu vencer os protestantes da Boêmia. Os protestantes, que constituíam a maior parte da população, estavam revoltados com a agressividade da hierarquia católica. Os protestantes exigiam de Fernando II, o rei da Boêmia e futuro imperador do Sacro Império, uma intervenção em seu favor. Entretanto, as reivindicações foram totalmente ignoradas pelo rei, pois este era um católico fervoroso e um possível herdeiro do poder imperial dos Habsburgos. Fernando II estabeleceu o catolicismo como único credo admitido na Boêmia e na Morávia. Os protestantes boêmios consideraram o ato de Fernando como uma infração da "Carta de Majestade". Isso provocou nos boêmios o desejo de independência.
A resposta da maioria protestante não se fez esperar: em 23 de Maio de 1618, insatisfeitos com os católicos que arrasaram um de seus templos, invadiram o palácio real em Praga e jogaram dois dos seus ministros e um secretário pela janela, fato que ficou por isso conhecido como a "Defenestração de Praga" ou "violência de Praga", desencadeando a revolução protestante. Assim iniciava a guerra, que abrangeu as revoltas holandesas depois de 1621 e concentrou-se em um confronto franco-Habsburgo após 1635.